Era uma vez...no reino mitológico...


Era uma vez uma rainha muito má, ela se achava a mais bela do reino, e não suportava a ideia de haver alguém mais bela do que ela, sempre se olhava no espelho e perguntava: "Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do quê eu?".

O espelho sempre confirmou ser ela a rainha, a mulher mais bela de todo o reino. Contudo, certo dia, ele falou que existia, e seu nome era Branca de Neve. Furiosa a rainha contratou um caçador para matar Branca de Neve, e trazer seu coração como prova, ela deveria ser a única, a mais bela entre todas.

 O caçador foi atrás de Branca de Neve, mas, ao encontrá-la impressionado com sua beleza, não teve coragem de matá-la. Explicou o que estava acontecendo, pediu para ela fugir e levou para a rainha outro coração.


A história contada há anos para crianças tem uma grande semelhança com a história de Psiquê, da mitologia grega. Psiquê era uma 'mera' mortal, contudo incrivelmente bela, para a deusa Afrodite está era uma situação que não podia ser aceita, ela deveria ser a mais bela de todas, a mais adorada.

Afrodite pede para seu filho Eros (o Cupido) atingir Psiquê com suas flechas do amor, deixando ela apaixonada por alguém bem indigno. Porém, ao ver Psiquê, Eros reconhece a beleza da moça e fica completamente apaixonado por Psiquê. Este amor proibido, entre um deus e um mortal fora visto com maus olhos por Afrodite, além de ela ainda continuar odiando Psiquê.

Sentindo-se completamente enganada e com Eros sob sua vigilância – esta parte da história você terá que procurar – Afrodite fala para Psiquê que só poderá reconquistar seu amado após cumprir algumas tarefas impossíveis.

Psiquê não desanima, pelo contrário, a cada nova tarefa exigida ela fazia o possível e impossível para cumpri-las. Aqui vale outra observação, a bela e doce Cinderela também fora obrigada a cumprir tarefas impossíveis para conseguir ir ao baile do príncipe, o baile em que ele escolheria sua noiva, a madrasta de Cinderela se sentiu enganada por ela ao descobrir como o príncipe estava enamorado por ela. Além de seu antigo ódio em ver que o pai de Cinderela a amava mais e a achava mais bonita do que a ela.

Para conseguir chegar ao baile a tempo, Cinderela contou com a ajuda de sua fada madrinha, seus amigos e alguns bichinhos falantes. Ops, Branca de Neve tinha bichinhos que ajudavam, a Bela (de a Bela e a Fera) tinha louças ajudantes, e até a princesa de Encantada contou com ajuda de bichinhos para arrumar sua casa, mesmo que eles tenham sido pombas, ratos e baratas. Como não podia deixar de ser, a linda Psiquê teve ajuda do reino animal para completar suas tarefas.

Sua primeira tarefa foi cumprida com ajuda das formigas, a segunda o rio ajudou, na terceira uma águia deu uma força, já na quarta tarefa, caiu em sono profundo.

Sono profundo?! Branca de Neve, A Bela Adormecida, Encantada também não caíram em sono profundo?! E, assim como todas as belas princesas dos tempos de criança, a formosa Psiquê fora despertada por seu 'príncipe encantado', não com um beijo, mas com uma flechada, que cá entre nós, dá quase no mesmo, para a história.

E, claro, Eros consegue, com ajuda de Zeus, dar ambrósia para Psiquê tornando-a uma semi-deusa. Os dois vivem felizes para sempre, o Amor e a Alma, enquanto a 'madrasta' Afrodite engole todo o ocorrido e tenta conviver com a situação. 

O interessante destas histórias é observar como aprendemos mitologia desde pequenos sem nem mesmo saber. Muitas das histórias contadas antes de dormir são baseadas em alguma obra mitológica. As transformações acontecem de acordo com o tempo e o contexto, como no caso da princesa de Encantada ou até da releitura de Ranpuzel – Enrolados. A base, de certa forma, não é modificada, a mulher é vista como a que deve ser salva pelo homem. Ou, uma mulher tem inveja de outra mulher. Talvez, Enrolados tenha sido uma das opções que mais tentou seguir o padrão cultural da nova realidade comportamental feminina, mas, aí a é outra história. Prefiro que fiquem com o doce, puro e inocente: viveram felizes para sempre. FIM.

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